Brasil apresenta o menor índice de homicídios em série histórica
O Brasil registrou em 2023 o menor número de homicídios dos últimos onze anos, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram contabilizadas 45.747 mortes violentas, o que representa pouco mais de cinco assassinatos por hora, o menor índice desde o início da série histórica.
Apesar da queda nos homicídios, o levantamento aponta um aumento expressivo na violência contra jovens e adolescentes. Em 2023, 13 pessoas com até 19 anos foram vítimas de violência a cada hora, incluindo agressões físicas, psicológicas, sexuais e negligência. No total, 115.384 casos foram registrados, uma alta de 36,2% em relação ao ano anterior.
Além disso, a pesquisa indica que, durante o período de monitoramento de onze anos, de 2013 a 2023, houve um crescimento nos casos em todas as quatro categorias de violência registradas (física, psicológica, sexual e negligência), exceto em 2019, quando o início da pandemia e do isolamento social resultaram em uma diminuição das notificações.
A taxa nacional de homicídios em 2023 foi de 21,2 por 100 mil habitantes. Desse total, 71,5% das mortes (32.749 casos) foram provocadas por armas de fogo. De acordo com Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e coordenador do Atlas da Violência, o país mantém uma tendência de queda desde 2018, após o pico de violência em 2017, causado principalmente por disputas entre facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho.
Mesmo com a queda geral nos homicídios, os assassinatos de mulheres não apresentaram redução. O número de vítimas foi de 3.903 em 2023, mesma quantidade registrada em 2022, com taxa de 3,5 homicídios por 100 mil mulheres. O Atlas classificou o cenário como “estagnação preocupante”.
Cerca de 35% desses crimes (1.370 casos) ocorreram dentro das casas das vítimas — o que indica possível subnotificação de feminicídios. Dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que 64,3% dos feminicídios ocorreram no ambiente doméstico.
O Atlas da Violência destaca que esse tipo de crime tende a permanecer constante, pois é menos influenciado por fatores externos e mais vinculado a relações interpessoais, estruturas patriarcais e ausência de supervisão pública no ambiente familiar.
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