PGR aponta uso do nome ‘churrasco’ como código para tentativa de golpe de Estado

PGR aponta uso do nome ‘churrasco’ como código para tentativa de golpe de Estado

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, revelou que o termo “churrasco” foi utilizado como codinome para se referir à articulação de uma tentativa de golpe de Estado, em conversas entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação consta nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tratam do chamado “núcleo crucial” do suposto plano golpista.

De acordo com o documento da PGR, a palavra aparece em trocas de mensagens entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general da reserva Mário Fernandes. Em uma das conversas, datada de 10 de dezembro de 2022, o manifestante bolsonarista Rodrigo Yassuo Faria Ikezili envia mensagem a Fernandes dizendo:

“A gente está indo lá para a Esplanada, para a manifestação. Eu preciso falar urgente com o senhor sobre aquela… aquele churrasco. Conseguiu alguma orientação aí?”

Poucos dias depois, em 26 de dezembro, o tenente Aparecido Andrade Portela cobra Cid sobre a realização do “churrasco”, em referência, segundo a PGR, às ações golpistas financiadas por aliados.

“O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco. Estão colocando em dúvida a minha solicitação”, escreveu Portela.

Em resposta, Mauro Cid respondeu com a expressão “ponto de honra!” e se colocou à disposição para conversar com os descontentes, o que, para a Procuradoria, representa um estímulo às ações antidemocráticas.

Nos depoimentos prestados ao STF, Cid afirmou que Jair Bolsonaro incentivava a realização de ações para provocar uma ruptura institucional. Segundo ele, empresários ligados ao agronegócio teriam contribuído financeiramente para a manutenção de acampamentos e mobilizações em frente aos quartéis, em apoio a um golpe militar.

A manifestação da PGR tem 517 páginas e foi apresentada na segunda-feira (14). Nela, Paulo Gonet pede a condenação de Bolsonaro, ex-ministros e militares que teriam atuado diretamente na tentativa de subverter o Estado Democrático de Direito.

Segundo Gonet, o ex-presidente é apontado como o principal líder e beneficiário da trama, sendo descrito como o “maior articulador” e o responsável pelos “atos mais graves voltados à ruptura institucional”.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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