Exportação de carne sofre queda histórica

Exportação de carne sofre queda histórica

Antes mesmo da entrada em vigor das novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as exportações de carne bovina brasileira para o país norte-americano já apresentam queda expressiva. Entre abril e julho de 2025, o volume embarcado despencou quase 80%, conforme dados oficiais.

De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compiladas pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Brasil exportou 47,8 mil toneladas de carne para os EUA em abril. Em julho, o número caiu para apenas 9,7 mil toneladas — e o mês ainda não foi encerrado. No mesmo intervalo, os volumes foram reduzidos progressivamente: 27,4 mil toneladas em maio e 19,2 mil em junho. A retração acumulada chega a 79,7%.

A medida anunciada pelo governo Trump — que prevê uma tarifa extra de 50% sobre todos os produtos brasileiros — tem início marcado para 1º de agosto. Não há, até o momento, qualquer sinalização de acordo ou prorrogação por parte dos Estados Unidos.

Curiosamente, enquanto o volume exportado diminui, o preço pago pelos norte-americanos tem aumentado. Em abril, a tonelada da carne brasileira era negociada a US$ 5.200. Em julho, o valor médio atingiu US$ 5.850.

Atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de carne bovina aos Estados Unidos, superando concorrentes como Austrália, Nova Zelândia e Uruguai. Em contrapartida, os EUA ocupam a segunda posição entre os maiores compradores do produto brasileiro, atrás apenas da China.

Entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou 181,5 mil toneladas de carne bovina para o mercado norte-americano, gerando uma receita de US$ 1,04 bilhão. Em comparação com o mesmo período do ano passado, isso representa um crescimento de 112,6% em volume e 102% em faturamento.

Apesar de o país possuir uma cota anual de 65 mil toneladas com tarifas reduzidas, os embarques têm superado esse limite com frequência. Com o novo pacote tarifário, o setor teme perda de competitividade frente aos concorrentes.

O agronegócio brasileiro, um dos mais eficientes do mundo, disputa espaço com os EUA em mercados estratégicos, como soja e algodão. Mesmo assim, os dois países mantêm relações comerciais relevantes: os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações do agronegócio nacional, com 9,4 milhões de toneladas vendidas em 2024, resultando em US$ 12 bilhões de receita.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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