Presidente da CBF e deputada do MDB são investigados

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (30) a Operação Caixa Preta, que apura um suposto esquema de compra de votos em Roraima. Entre os investigados estão o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, e a deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR).

Mandados de busca e apreensão foram executados em endereços ligados aos dois, incluindo a casa de Xaud em Boa Vista e a sede da CBF, no Rio de Janeiro. A Justiça Eleitoral também determinou o bloqueio de até R$ 10 milhões em bens dos suspeitos.

As investigações se concentram em possíveis crimes cometidos durante o período eleitoral de 2024, incluindo corrupção eleitoral, abuso de poder econômico e formação de organização criminosa. A operação recebeu o nome de “Caixa Preta” devido à suposta falta de transparência nas movimentações financeiras do grupo político investigado.

Outro nome que aparece na apuração é o de Renildo Lima, empresário, marido da deputada Helena e sócio principal da empresa Asatur, especializada em transporte terrestre entre Roraima e Amazonas. A companhia, avaliada em mais de R$ 11 milhões, atua com fretamento e aluguel de veículos, e mantém unidades em diversas cidades do estado. A família também possui a Voare Táxi Aéreo, considerada a única operadora privada desse tipo em Roraima.

As suspeitas ganharam força após a prisão de Renildo em setembro de 2023, quando foi flagrado com R$ 500 mil em dinheiro vivo. Parte da quantia estava escondida em sua roupa íntima, o que gerou indícios de possível financiamento ilegal de campanhas.

Tanto Samir Xaud quanto Helena da Asatur fazem parte do MDB de Roraima. Samir, que assumiu a presidência da CBF em maio deste ano, disputou uma vaga de deputado federal em 2022, mas não foi eleito. Mesmo assim, manteve atuação política no estado. Já Helena cumpre mandato na Câmara e é apontada pela PF como uma das lideranças do esquema que usava recursos não declarados para beneficiar candidatos locais.

A deputada ainda não se manifestou sobre a operação. Já a CBF emitiu nota oficial informando que a ação da Polícia Federal não tem ligação com a instituição ou com o futebol brasileiro. Segundo a entidade, os agentes permaneceram por menos de meia hora em sua sede e não apreenderam nenhum material.

Confira o comunicado da CBF na íntegra:

“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informa que recebeu agentes da Polícia Federal em sua sede entre 6h24 e 6h52 desta quarta-feira, num desdobramento de investigação determinada pela Justiça Eleitoral de Roraima. É importante ressaltar que a operação não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro e que o presidente da entidade, Samir Xaud, não é o centro das apurações. A CBF esclarece que, até o momento, não recebeu nenhuma informação oficial sobre o objeto da investigação. Nenhum equipamento ou material foi levado pelos agentes. O Presidente Samir Xaud permanece tranquilo e à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.”