Hugo Motta descarta anistia para envolvidos no 8 de janeiro
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (14) que não há “clima” no Congresso para conceder anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro que tenham participado de planejamentos para atentar contra a vida de outras pessoas. A declaração foi feita em entrevista a um canal de TV e marca um posicionamento claro no acalorado debate sobre o perdão aos participantes da tentativa de golpe, tema que vem sendo pressionado por setores bolsonaristas e parte da oposição.
Motta foi categórico ao dizer que não se pode tratar de maneira uniforme os acusados pelos atos antidemocráticos: “Não há como falar em anistia a quem planejou matar pessoas”. A fala vem em meio à tramitação de propostas no Congresso que visam conceder perdão a condenados pelos ataques aos Três Poderes, medida defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro como uma forma de “reconciliação nacional”.
Motta também abordou outras pautas sensíveis, como o foro privilegiado e o incômodo crescente entre parlamentares com decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o debate deve ser mantido aberto, mas com responsabilidade. “Não podemos ter preconceito com pautas, porque isso é interromper o debate. As matérias devem continuar sendo levadas ao colégio de líderes, que decide se vai ou não pautar”, afirmou.
A declaração ocorre em um momento delicado para o comando da Câmara. Nos bastidores, o posicionamento de Motta é visto como um esforço para reafirmar sua autoridade após ter sido escanteado nas negociações que encerraram a recente crise envolvendo parlamentares da oposição, que ocuparam o plenário da Casa. O impasse foi resolvido com a intervenção direta do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), enquanto Motta ficou à margem das tratativas.
De acordo com aliados as falas do presidente da Câmara funcionam como um gesto político para deixar claro que o comando da pauta legislativa segue sob sua responsabilidade — e que ele pretende exercer esse papel com protagonismo.
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