Dados vazados alimentam extorsões e fraudes no Brasil
Nos últimos doze meses, cerca de 32 milhões de brasileiros foram ameaçados ou chantageados por criminosos que usaram dados pessoais ou de familiares para exigir dinheiro. Esse número representa quase uma em cada cinco pessoas com 16 anos ou mais e resultou em um prejuízo estimado de R$ 24,2 bilhões.
A prática se tornou o delito patrimonial mais comum relatado pela população e indica uma mudança no perfil do crime no país: enquanto os roubos caem, as fraudes crescem. Entre julho de 2024 e junho de 2025, aproximadamente 46,4 milhões de brasileiros disseram ter recebido ligações ou mensagens de falsas centrais de segurança, o que equivale a 5.300 abordagens por hora.
Os dados fazem parte da segunda edição da Pesquisa de Vitimização e Percepção da Segurança Pública no Brasil, realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento entrevistou 2.007 pessoas com 16 anos ou mais em 130 municípios entre os dias 2 e 6 de junho, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Embora as estatísticas apontem redução nos roubos, os golpes digitais se multiplicam. Pessoas que tiveram celulares furtados ou roubados, por exemplo, apresentam quase quatro vezes mais chance de cair em fraudes. Em um ano, 9,3% da população declarou ter perdido o aparelho, com prejuízo médio estimado em R$ 1.700 por vítima, somando R$ 26,7 bilhões no total.
A pesquisa também mostra que as vítimas mais recorrentes de fraudes são das classes A e B: 27,6% dos entrevistados com maior renda afirmaram ter sido alvo de golpes, contra 16,4% entre as classes C, D e E. Para especialistas, isso demonstra que criminosos selecionam alvos com base no poder aquisitivo.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organizações criminosas têm usado tecnologia para transformar golpes em atividades em larga escala, com estruturas semelhantes a linhas de produção. Vazamentos de dados atingiram 12,3 milhões de pessoas, o equivalente a 7,3% da população, o que alimenta esquemas cada vez mais sofisticados e eleva os riscos de lavagem de dinheiro por facções.
💬 Comentários (0)