Escândalo atinge núcleo do governo Milei

Escândalo atinge núcleo do governo Milei

O governo do presidente argentino Javier Milei enfrenta uma crise após o vazamento de um áudio que envolve a própria irmã do mandatário, Karina Milei, em um suposto esquema de corrupção. Secretária-geral da Presidência, Karina é acusada por um ex-aliado do governo de participar de um esquema de cobrança de propinas no setor de saúde pública.

A gravação, feita por Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), circulou na imprensa nos últimos dias e motivou a abertura de uma investigação judicial. Na mensagem de voz, Spagnuolo acusa Karina Milei e o subsecretário de Gestão Institucional, Eduardo  Menem, de exigirem pagamento de propinas de laboratórios farmacêuticos interessados em vender medicamentos para a rede pública.

“Estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApp de Karina”, afirma Spagnuolo no áudio. A demissão dele foi anunciada um dia após a divulgação da denúncia.

Segundo o ex-diretor da Andis, o esquema exigia até 8% do faturamento das empresas envolvidas, movimentando mensalmente cerca de US$ 800 mil — o equivalente a R$ 4,3 milhões. Spagnuolo afirma que Karina Milei ficava com a maior parte do valor, entre 3% e 4%, enquanto Menem seria o responsável pela operação, com o apoio de empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina.

A denúncia surge em um momento politicamente delicado para Milei, a duas semanas das eleições na província de Buenos Aires e a dois meses das eleições legislativas. Analistas apontam que o escândalo pode enfraquecer ainda mais o governo, que já sofre com queda de aprovação popular.

Na última sexta-feira (22), a Justiça argentina realizou pelo menos 16 operações de busca e apreensão, recolhendo celulares, máquinas de contar dinheiro e US$ 266 mil em espécie — cerca de R$ 1,5 milhão. Spagnuolo está entre os cinco acusados formais na investigação, que apura crimes como corrupção, suborno, fraude administrativa e violação à ética pública.

Responsável pelo caso, o juiz federal Sebastián Casanello determinou que os investigados estão proibidos de deixar o país enquanto prosseguem as apurações. A perícia ainda analisa os celulares apreendidos, incluindo o de Spagnuolo, considerados peças-chave para confirmar a autenticidade do áudio.

O presidente Javier Milei ainda não comentou publicamente o caso. Por meio de um porta-voz, o governo anunciou a exoneração de Spagnuolo, a intervenção imediata na Andis e a realização de uma auditoria interna para apurar os contratos firmados no órgão.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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