Alunos valorizam pouco os professores
Uma nova pesquisa nacional revelou que menos de 40% dos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental dizem respeitar e valorizar seus professores. O levantamento, que ouviu mais de 2,3 milhões de alunos em cerca de 21 mil escolas brasileiras, foi apresentado nesta quarta-feira (10) e servirá como base para a criação da primeira política pública voltada especificamente para essa etapa da educação básica.
Os anos finais do Ensino Fundamental — do 6º ao 9º ano — são considerados um período desafiador, marcado pela transição da infância para a adolescência. Por isso, a pesquisa buscou compreender melhor as vivências, percepções e necessidades dos estudantes nesse momento da formação.
De modo geral, os resultados apontam que a maioria dos alunos se sente acolhida pela escola, especialmente os mais jovens. Entre os estudantes do 6º e 7º anos, 66% afirmaram sentir-se bem recebidos no ambiente escolar. Já entre os alunos do 8º e 9º anos, esse índice cai para 54%. A confiança em adultos dentro da escola também diminui conforme a idade avança. Enquanto 75% dos mais novos dizem confiar em pelo menos um adulto na instituição, esse percentual desce para 45% entre os mais velhos.
O estudo também indica que o senso de pertencimento à escola é maior em locais com maior vulnerabilidade social. Nesses contextos, 69% dos alunos afirmam sentir-se acolhidos. Já em escolas de menor vulnerabilidade, esse número fica em 56%.
Em relação às relações sociais, os dados mostram que a escola ainda é um espaço importante para amizades. A maioria dos estudantes relatou ter colegas com quem gostam de conviver no ambiente escolar — 84% entre os alunos mais jovens e 83% entre os mais velhos. Contudo, quando questionados se a escola favorece a construção dessas amizades, 65% dos alunos do 6º e 7º anos responderam positivamente, contra 55% dos estudantes do 8º e 9º anos.
Apesar desses aspectos positivos, a pesquisa destaca um dado preocupante: a baixa valorização do professor. Apenas 39% dos alunos mais jovens disseram respeitar e valorizar seus professores. Entre os mais velhos, esse número é ainda menor, chegando a apenas 26%. Esse cenário aponta para um distanciamento significativo entre alunos e educadores, especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental.
O estudo também investigou quais conhecimentos os estudantes consideram mais relevantes para seu desenvolvimento. Os mais jovens demonstraram maior interesse pelas disciplinas tradicionais, como português e matemática, seguidas por temas ligados ao corpo e à saúde emocional, além de habilidades voltadas ao futuro, como tecnologia e educação financeira. Entre os mais velhos, o interesse por essas matérias tradicionais diminui, dando espaço para uma valorização maior das competências práticas e socioemocionais.
A pesquisa foi realizada por meio de questionários e atividades coletivas durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas. A ação, que envolveu aproximadamente 46% das instituições de ensino que ofertam os anos finais do Ensino Fundamental em redes municipais, estaduais e no Distrito Federal, foi promovida por uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social.
Os dados oferecem uma visão aprofundada sobre o cotidiano escolar dos adolescentes e deverão orientar políticas públicas mais sensíveis às especificidades dessa faixa etária. O desafio agora é criar estratégias que aproximem alunos e professores, fortaleçam o acolhimento e promovam um ensino mais significativo e conectado às demandas do presente e do futuro.
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