Pobreza nas cidades atinge menor índice em 12 anos
As regiões metropolitanas do Brasil registraram em 2024 os menores índices de desigualdade e pobreza desde 2012, segundo o boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado pelo Observatório das Metrópoles em parceria com o PUCRS Data Social e a RedODSAL.
Apesar da melhora, a renda segue concentrada. Os 10% mais ricos receberam, em média, 15,5 vezes mais que os 40% mais pobres: R$ 10,4 mil contra R$ 670 mensais por pessoa. Para o pesquisador André Salata, coordenador do PUCRS Data Social, a diferença, embora menor, ainda é considerada “muito ruim”.
O índice de Gini caiu de 0,550 para 0,534 entre 2023 e 2024, uma redução de 2,8%. Desde o pico da pandemia, em 2021, a queda acumulada é de 5,5%.
A melhora é atribuída principalmente ao aumento da renda do trabalho entre os mais pobres, impulsionado pela recuperação do mercado de trabalho, pelo reajuste do salário mínimo e, em menor escala, por programas de transferência de renda como o Bolsa Família.
A taxa de pobreza nas metrópoles caiu de 23,4% para 19,4%, o menor patamar da série. Isso representa 16,5 milhões de pessoas nessa condição — 9,5 milhões a menos que em 2021. A extrema pobreza também recuou, de 3,6% para 3,3%, atingindo 2,9 milhões de brasileiros, quase a metade do registrado no auge da crise sanitária.
Os critérios seguem o padrão do Banco Mundial: renda per capita mensal abaixo de R$ 692,54 para pobreza e inferior a R$ 217,37 para extrema pobreza.
Mesmo com avanços, as metrópoles continuam mais desiguais que o país como um todo. O Gini nacional foi de 0,506 em 2024, segundo o IBGE, abaixo da média dos grandes centros urbanos.
O levantamento analisou microdados da Pnad Contínua em 22 regiões metropolitanas e reforça que, embora os indicadores estejam em queda, o desafio de reduzir desigualdades urbanas permanece elevado.
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