Senado aprova convites da CPI do Crime Organizado
A Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, instalada nesta terça-feira (4) no Senado, aprovou uma série de convites para ouvir autoridades federais e estaduais, entre elas os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Tarcísio de Freitas (São Paulo), além dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Mucio Monteiro (Defesa). Ao todo, foram aprovados 38 convites.
Os pedidos foram apresentados pelo relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que deu origem à comissão. A CPI será presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), após votação apertada em que venceu o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) por seis votos a cinco. Mourão assumiu a vice-presidência.
A escolha de um governista para a presidência foi vista com alívio pelo Palácio do Planalto, que temia que o colegiado, sob comando da oposição, se transformasse em foco de desgaste político para o governo Lula. A comissão contará com onze senadores titulares e sete suplentes, reunindo nomes de diferentes correntes políticas, como Flávio Bolsonaro, Magno Malta, Marcos do Val, Rogério Carvalho, Otto Alencar e o próprio Alessandro Vieira.
Durante a sessão de instalação, o relator apresentou o plano de trabalho, que será dividido em eixos temáticos voltados à investigação da estrutura e das atividades das organizações criminosas no país. O documento abrange temas como domínio territorial de facções, lavagem de dinheiro, corrupção, sistema prisional, tráfico de armas e drogas, rotas de contrabando, crimes digitais e integração entre órgãos de segurança pública.
Além de governadores e ministros, a comissão também pretende ouvir secretários estaduais de sInstaladaegurança, diretores da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência e do sistema penitenciário. Especialistas em segurança pública e jornalistas investigativos serão chamados para contribuir com o diagnóstico sobre o avanço das facções e o impacto da criminalidade organizada no país.
A expectativa é que os depoimentos comecem nas próximas semanas. O colegiado pretende investigar não apenas as atividades das facções criminosas, mas também eventuais falhas de gestão e conivência de agentes públicos. O relator destacou que o objetivo é promover um debate técnico sobre segurança pública, com base em evidências e estratégias de cooperação entre os entes federativos, evitando o uso político das investigações.
Com duração inicial de 180 dias, a CPI do Crime Organizado surge em meio a um cenário de aumento da violência em vários estados e à expansão de facções nacionais para novas regiões do país. O relatório final deverá propor medidas de enfrentamento e sugerir mudanças legislativas para fortalecer o combate às organizações criminosas e reduzir a infiltração do crime nas estruturas do Estado.
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