Reunião sobre volta ao presencial termina em demissões no Nubank
A empresa que recentemente se tornou uma das mais valiosas do Brasil, demitiu 12 funcionários após reações negativas durante uma reunião interna que anunciou o fim do modelo de trabalho quase totalmente remoto. A partir de julho de 2026, a companhia adotará o formato híbrido, com presença obrigatória nos escritórios em parte da semana.
De acordo com o novo plano, 70% dos funcionários deverão comparecer presencialmente duas vezes por semana a partir de 1º de julho de 2026, e três vezes por semana a partir de 1º de janeiro de 2027. Atualmente, os empregados trabalham no escritório apenas uma semana por trimestre.
A mudança já havia sido comunicada em um e-mail do CEO, David Vélez, que reconheceu internamente que a transição poderia gerar desconforto entre parte da equipe.
Na quinta-feira (6), cerca de 7 mil dos 9,5 mil funcionários participaram de uma reunião por videoconferência para discutir o novo modelo de trabalho. O encontro foi marcado por discordâncias e discussões acaloradas, com relatos de linguagem considerada agressiva por parte de alguns participantes.
Após análise do Comitê de Conduta do banco, o Nubank decidiu demitir 12 funcionários por justa causa, alegando que houve quebra de regras de convivência e respeito durante o evento. A instituição também informou que outros empregados receberão advertências formais.
Nos fóruns internos da empresa, alguns colaboradores manifestaram insatisfação com a decisão. Funcionários que vivem longe das cidades onde o Nubank possui escritórios relataram dificuldades para se adaptar ao novo formato e afirmaram ter sido surpreendidos pelo anúncio.
Houve ainda críticas sobre a concentração geográfica das operações no Sudeste, o que, segundo parte dos trabalhadores, poderia prejudicar profissionais de outras regiões do país.
Para atender ao aumento da presença física, o Nubank planeja ampliar sua estrutura de escritórios. Atualmente, a empresa possui duas unidades em São Paulo, além de escritórios na Cidade do México e em Bogotá, na Colômbia.
A fintech também mantém hubs de talentos — espaços voltados a networking e capacitação — em Montevidéu (Uruguai), Berlim (Alemanha) e Durham (Estados Unidos). O plano de expansão prevê novas unidades em Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Washington, Miami e Palo Alto.
Determinadas áreas continuarão trabalhando remotamente, como atendimento ao cliente, investimentos, ouvidoria, rotulagem de dados, investigação de crimes financeiros, soluções regulatórias e recursos humanos. Segundo a empresa, essas funções exigem baixa interação presencial e mantêm eficiência no formato remoto.
O banco digital informou que mantém canais abertos de diálogo com os funcionários e reafirmou o compromisso com o debate interno respeitoso. A instituição declarou ainda que não comenta casos individuais de desligamento e que seguirá reforçando seus padrões de conduta corporativa.
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