Reunião de Motta com governadores tenta conter crise
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), recebe nesta quarta-feira (12), às 16h, os governadores Cláudio Castro (RJ), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Ibaneis Rocha (DF) e a vice-governadora Celina Leão (DF) para tratar do Marco Legal do Combate ao Crime Organizado. O encontro, que ocorre no gabinete da Presidência da Câmara, reunirá integrantes do Consórcio da Paz, grupo que busca alinhar ações de segurança pública e propor medidas de endurecimento penal.
A reunião acontece em meio a um clima de tensão política na Câmara, após sucessivas alterações no texto do PL Antifacção, de autoria do Executivo e relatado pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. O projeto, que endurece penas contra organizações criminosas, enfrentou forte resistência de parlamentares, juristas e até de aliados do governo.
Em menos de 48 horas, diferentes versões do texto circularam, revelando divergências entre o relator, a base governista e a própria presidência da Casa. Entre os pontos mais criticados estão o amplo conceito de terrorismo e a transferência de competências da Polícia Federal para as polícias civis estaduais, medida considerada inconstitucional por especialistas.
As constantes mudanças geraram mal-estar entre deputados e questionamentos jurídicos. Parlamentares da oposição classificaram a proposta como autoritária e confusa, enquanto membros da base governista alertaram para erros técnicos e atropelo do debate. Mesmo aliados próximos a Motta admitiram, reservadamente, que a escolha de Derrite como relator — uma indicação direta do presidente da Câmara — foi um erro político que agravou as críticas.
Nos bastidores, Hugo Motta tenta reduzir o desgaste e reconstruir pontes com diferentes setores do Parlamento. A reunião com os governadores é vista como parte dessa estratégia de rearticulação e diálogo institucional.
Mais cedo, rumores apontavam que Motta poderia iniciar a votação do PL Antifacção durante o encontro com os governadores, o que foi negado pela assessoria da Câmara. Segundo a equipe do presidente, a reunião tem caráter técnico e é voltada exclusivamente à discussão do marco legal, sem relação direta com a votação do projeto.
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