Ação dos EUA trava exportações da Venezuela

Ação dos EUA trava exportações da Venezuela

Mais de 30 navios-petroleiros sancionados pelos Estados Unidos e que operam na Venezuela passaram a enfrentar risco de apreensão após a Guarda Costeira americana deter um superpetroleiro na costa venezuelana. A informação é baseada em dados recentes do setor marítimo.

A embarcação apreendida transportava petróleo bruto venezuelano destinado à exportação. A ação, anunciada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira (10), marcou a primeira vez em que os EUA detiveram uma carga de petróleo originária da Venezuela desde a imposição das sanções em 2019. Também foi a primeira ofensiva conhecida contra um navio ligado ao país sul-americano após a ordem de reforço militar na região.

A operação gerou forte impacto entre donos de embarcações, operadores e agentes de navegação, que passaram a reavaliar a possibilidade de manter seus planos de saída das águas venezuelanas nos próximos dias. De acordo com fontes do setor, há receio de que novas ações possam ocorrer a qualquer momento.

Especialistas afirmam que a apreensão deve provocar atrasos nas exportações e levar armadores a evitarem o transporte de cargas venezuelanas. Até então, os Estados Unidos não haviam impedido diretamente o fluxo de petróleo do país, que operava com intermediários e frotas de terceiros.

O governo venezuelano classificou a ação como um ato de pirataria, acusando Washington de tentar confiscar recursos estratégicos do país.

O superpetroleiro detido — identificado por empresas de análise de risco como Skipper — integra uma frota paralela usada para transportar petróleo sob sanções. Esses navios costumam navegar com transponders desligados ou recorrer a manobras que mascaram sua localização. Desde o endurecimento das sanções, esse tipo de embarcação tem sido cada vez mais acionado por comerciantes e transportadoras envolvidas com o petróleo venezuelano.

Medidas anteriores contra carregamentos do país já haviam provocado longos períodos de espera para que navios sancionados pudessem zarpar, muitas vezes por semanas ou até meses.

Cerca de 80 navios carregados ou aguardando para carregar estavam próximos ao litoral venezuelano na quarta-feira (10), dos quais mais de 30 sob sanções impostas pelos EUA.

A frota paralela global de petroleiros soma 1.423 embarcações, e 921 delas estão sujeitas a sanções de Estados Unidos, Reino Unido ou União Europeia, segundo a Lloyd’s List Intelligence. São, em sua maioria, navios antigos, de propriedade pouco transparente e sem seguro internacional robusto — exigência básica para acessar grandes portos e operar com grandes petrolíferas.

Essas embarcações costumam transportar petróleo sob sanções da Rússia, Irã e Venezuela para destinos asiáticos.

No caso venezuelano, elas costumam abastecer em portos da estatal PDVSA usando identificações falsas. Depois de deixar o país, escondem suas rotas por longos trechos da travessia, sobretudo durante o percurso rumo à Ásia, passando pelo Atlântico até chegar a regiões como Malásia e China.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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