Belém pode perder a sede da COP30

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, revelou nesta quinta-feira (31) que representantes de diversos países estão pressionando o Brasil a transferir a conferência climática da ONU, prevista para novembro, de Belém para outra cidade. O motivo são os preços considerados abusivos cobrados pela rede hoteleira local.

“Há uma sensação de revolta, principalmente entre países em desenvolvimento, que afirmam não ter condições de participar do evento diante dos valores extorsivos cobrados pelos hotéis”, disse Corrêa do Lago em encontro promovido pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE) e o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Segundo o diplomata, os preços das diárias em Belém aumentaram em até 15 vezes, o que tem provocado mal-estar diplomático. “Em outras cidades que sediaram a COP, os valores geralmente dobravam ou triplicavam. Em Belém, o salto foi muito além disso”, comparou.

O alerta de Corrêa do Lago vem após uma entrevista do negociador africano Richard Muyungi à agência Reuters, revelando que delegações estrangeiras chegaram a solicitar formalmente a mudança da sede do evento. “Agora é público que países estão pedindo que a COP seja retirada de Belém”, afirmou o presidente da conferência.

A alta nos preços tem sido agravada pela escassez de quartos na capital paraense. O governo federal montou um grupo de trabalho, coordenado pela Casa Civil, para tentar encontrar soluções. No entanto, como a legislação brasileira não permite o controle de tarifas hoteleiras, o caminho será o diálogo com o setor.

A COP30 será a primeira edição do evento realizada na Amazônia e deve reunir representantes de mais de 190 países, incluindo chefes de Estado, ministros, diplomatas e membros da sociedade civil.

Na última terça-feira (29), durante uma reunião do COP Bureau — órgão da ONU responsável pela conferência — o Brasil se comprometeu a apresentar, até o dia 11 de agosto, um relatório com medidas para enfrentar o problema.