Três em cada dez lares no Brasil ainda não têm ligação à rede de esgoto
Cerca de 29,5% das residências brasileiras ainda não possuem ligação à rede geral de esgoto. O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e indica que, de cada dez domicílios no país, três permanecem sem conexão à rede. Em números absolutos, isso significa quase 23 milhões de lares, considerando o total de 77 milhões registrados em 2024.
O levantamento mostra que houve avanço em relação a 2019, quando 32% das residências não estavam ligadas à rede geral. Hoje, 70,4% têm acesso, incluindo os domicílios que possuem banheiro conectado a uma rede coletora ou fossa séptica ligada à rede. A pesquisa, no entanto, não avalia se os resíduos recebem tratamento. Segundo estudo do Instituto Trata Brasil pouco mais da metade (51,8%) do esgoto produzido no país passa por tratamento adequado.
As disparidades regionais continuam marcantes. O Sudeste apresenta os melhores índices, enquanto Norte e Nordeste concentram as piores condições. No Norte, por exemplo, 36,4% dos lares utilizam “outros tipos” de esgotamento, como fossas rudimentares, valas ou córregos — mais que o dobro da média nacional (14,4%). Entre os estados, São Paulo (94,1%), Distrito Federal (91,1%), Rio de Janeiro (89,2%) e Minas Gerais (84,6%) lideram a lista de maior acesso à rede. Na outra ponta, estão Piauí (13,5%), Amapá (17,8%), Rondônia (18,1%) e Pará (19,3%).
O cenário também é desigual entre áreas urbanas e rurais. Nas cidades, 78,1% dos domicílios têm ligação à rede geral, enquanto, no campo, o índice cai para apenas 9,4%.
A Pnad analisou ainda o abastecimento de água. No Brasil, 86,3% das residências têm a rede geral como principal fonte, mas a disponibilidade diária desse serviço é de 88,4%. Há casos críticos, como Pernambuco (44,3%) e Acre (48,5%), onde menos da metade das casas ligadas à rede recebem água todos os dias. Distrito Federal (98,2%) e Mato Grosso do Sul (98%) aparecem com os melhores percentuais.
O levantamento também aponta que 86,9% dos domicílios contam com coleta de lixo. Mesmo assim, a prática de queimar resíduos ainda é frequente no Norte (14,4%) e no Nordeste (13,1%), mais que o dobro da média nacional.
Por fim, os dados revelam avanços nas condições estruturais dos lares, especialmente no Norte. Entre 2016 e 2024, a proporção de casas com paredes de alvenaria com revestimento passou de 61,5% para 71,2%. No mesmo período, os lares com pisos de cerâmica, lajota ou pedra aumentaram de 58,2% para 69,3%, enquanto a média nacional é de 82,3%.
💬 Comentários (0)