Trabalho por aplicativo cresce 25% no Brasil

Trabalho por aplicativo cresce 25% no Brasil

O Brasil registrou um avanço expressivo no número de pessoas que têm nos aplicativos a principal fonte de trabalho. Entre 2022 e 2024, esse grupo cresceu mais de 25%, saltando de cerca de 1,3 milhão para quase 1,7 milhão de trabalhadores. Esse aumento também elevou a participação dessa categoria no total de ocupados do país, passando de 1,5% para 1,9% da população economicamente ativa.

O levantamento foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística durante o terceiro trimestre de 2024 e faz parte de uma parceria com a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho. A pesquisa considera somente os profissionais que dependem exclusivamente das plataformas digitais para obter renda, não incluindo aqueles que utilizam os aplicativos apenas como complemento financeiro.

Os aplicativos de transporte de passageiros lideram como principal meio de atuação dos trabalhadores, seguidos pelos serviços de entrega de alimentos e produtos. Também entram nesse universo os profissionais que oferecem serviços diversos por meio de plataformas, como designers, tradutores ou médicos que atendem pela internet, além de taxistas que dependem de aplicativos para captar clientes.

A informalidade é predominante entre os trabalhadores digitais. Mais de sete em cada dez atuam sem registro formal, percentual muito superior ao observado na população ocupada em geral, que é de aproximadamente 44%. A maioria absoluta trabalha por conta própria, enquanto uma pequena parcela se divide entre empregadores e empregados com ou sem carteira assinada. Entre os que atuam por conta própria em todo o país, apenas uma fração – pouco menos de 6% – exerce essa atividade por meio de plataformas.

O perfil revelado pela pesquisa indica que os trabalhadores de aplicativo são, em sua maioria, homens e adultos entre 25 e 39 anos. A escolaridade predominante é de ensino médio completo ou superior incompleto, embora haja também participação relevante de pessoas com ensino superior finalizado e de trabalhadores com menor nível de instrução. A maior concentração geográfica está no Sudeste, única região em que o índice de trabalhadores digitais supera a média nacional, seguida por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.

Embora ainda seja classificado como estudo experimental, o levantamento oferece um panorama relevante sobre um segmento que cresce em ritmo acelerado e já representa parcela significativa da economia. O levantamento não levou em conta plataformas voltadas a hospedagem ou aluguel de imóveis, mas estudos futuros devem incluir também o comércio eletrônico.

O crescimento desse tipo de trabalho ocorre em meio a um debate jurídico nacional sobre a existência ou não de vínculo empregatício entre motoristas de aplicativo e as empresas que administram as plataformas. A questão está em análise no Supremo Tribunal Federal e deve ser votada em breve. Enquanto trabalhadores alegam precarização das condições laborais, as empresas e a Procuradoria-Geral da República defendem que a prestação de serviço ocorre de forma autônoma.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

💬 Comentários (0)

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.