Biometria muda cenário do crédito consignado

Biometria muda cenário do crédito consignado

O volume de empréstimos consignados contratados por aposentados e pensionistas caiu mais de 50% depois que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passou a exigir autenticação biométrica para liberar novas operações. A medida, que entrou em vigor em maio de 2025, foi adotada para conter o número crescente de reclamações de beneficiários que diziam não reconhecer contratos feitos em seu nome.

O crédito consignado é uma modalidade em que as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente do benefício previdenciário ou do salário, o que reduz o risco de inadimplência para os bancos e, por consequência, costuma oferecer juros menores em comparação a outros tipos de crédito.

No início de 2024, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou falhas na supervisão das operações de consignado e recomendou reforço na fiscalização. Apesar disso, as ações efetivas só foram implementadas meses depois, após uma operação que investigou descontos indevidos em benefícios da Previdência. Embora a operação não tivesse o consignado como foco central, ela levou o INSS a endurecer os controles e aumentar as exigências de segurança.

Entre as novas regras, está o bloqueio temporário de contratações feitas sem biometria pelo aplicativo Meu INSS e a suspensão de 15 instituições financeiras que concentravam reclamações sobre empréstimos não autorizados, cobranças irregulares e dificuldade para cancelar contratos.

A adoção das novas medidas teve efeito direto sobre o mercado. Enquanto a média mensal de novos contratos girava em torno de R$ 8,5 bilhões até abril de 2025, o volume caiu para menos de R$ 4 bilhões nos meses seguintes.

Atualmente, cerca de 17 milhões de beneficiários, o equivalente a 41,4% dos 41 milhões de segurados do INSS, possuem algum empréstimo consignado ativo.

Segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, a autarquia pretende avançar ainda mais na segurança das operações. “Precisamos garantir que o beneficiário realmente deseje contratar o crédito”, afirmou.

O próximo passo será a criação de um sistema de dupla verificação, com uso da conta gov.br nos níveis ouro e prata, além de uma confirmação explícita do titular antes de qualquer desconto ser efetivado. A proposta busca assegurar que a manifestação de vontade do segurado seja legítima e rastreável, evitando fraudes e contratações indevidas.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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