Doações internacionais para vítimas de enchentes foram desviadas

Doações internacionais para vítimas de enchentes foram desviadas

Doações enviadas dos Estados Unidos para auxiliar famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 foram desviadas e vendidas em brechós da Serra gaúcha, de acordo com o Ministério Público estadual. A prática ilegal foi alvo da Operação Ascaris, deflagrada  nesta semana pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRS).

Investigações apontam que roupas, fraldas e utensílios enviados tanto do exterior quanto por empresas da região foram entregues a uma ONG, mas não chegaram às famílias desabrigadas, sendo revendidos no comércio local. O Ministério Público identificou indícios de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, com utilização de “laranjas” e recebimento de valores por Pix em nome de terceiros. Parte do montante teria sido utilizada na compra de veículos, um apartamento e outros bens.

Durante a operação, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul, além do bloqueio de R$ 2 milhões em contas bancárias. Oito pessoas, incluindo três integrantes da mesma família, e uma empresa são investigadas. Duas pessoas foram presas em flagrante por comercializar medicamentos proibidos junto com as roupas que deveriam ter sido doadas.

A investigação teve início a partir de denúncia enviada ao Consulado-Geral do Brasil em Miami, que alertou sobre a venda de roupas importadas, algumas de marcas conhecidas, destinadas originalmente aos atingidos pela enchente. Com documentos, mídias e celulares recolhidos, as autoridades buscam identificar outros envolvidos e calcular o valor total movimentado ilegalmente.

Segundo o coordenador estadual do Gaeco, promotor André Dal Molin, a operação foi realizada em parceria com a Defesa Civil e tem como objetivos responsabilizar os investigados e recuperar os bens desviados.

Adriana Nogueira

Adriana Nogueira

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