Estudo mostra salto no acesso digital no país
A pesquisa TIC Domicílios, divulgada nesta terça-feira (9) pelo Cetic.br, mostra que 85% da população brasileira acessou a internet em 2025, o que corresponde a cerca de 157 milhões de pessoas. Entre os usuários conectados, aproximadamente 30 milhões afirmaram ter realizado algum tipo de aposta online nos três meses anteriores à coleta dos dados, o equivalente a 19% do total.
Realizado há duas décadas, o levantamento analisa o uso das tecnologias de informação e comunicação entre brasileiros com mais de 10 anos. A edição atual entrevistou 24.535 pessoas em 27.177 residências, entre março e agosto de 2025. Pela primeira vez, o estudo investigou especificamente o comportamento dos usuários em relação às plataformas de apostas, revelando diferenças marcantes entre homens e mulheres. Entre aqueles que disseram ter apostado recentemente, um quarto dos homens relatou essa prática, enquanto entre as mulheres esse percentual foi de 14%.
O mapeamento identificou os tipos de apostas mais comuns, que incluem cassinos online, rifas e sorteios digitais, apostas esportivas em sites e aplicativos e apostas da loteria federal. No caso das apostas esportivas, a discrepância entre gêneros chama atenção: 12% dos homens afirmaram participar desse tipo de jogo, em contraste com apenas 2% das mulheres.
O estudo também mostra que o acesso à internet nos domicílios continua em expansão. Em 2025, 86% das residências brasileiras estavam conectadas, crescimento expressivo quando comparado aos 51% registrados uma década atrás. Apesar do avanço, 28 milhões de brasileiros seguem sem acesso, sobretudo pessoas com escolaridade até o ensino fundamental, indivíduos que se autodeclaram pretos ou pardos e pessoas com 60 anos ou mais.
Outros hábitos digitais se consolidaram no período analisado. Três em cada quatro brasileiros utilizaram o PIX para pagamentos ou transferências, enquanto quase um terço usou ferramentas de inteligência artificial generativa, principalmente para atividades pessoais, estudo e trabalho. A falta de pacote de dados no celular foi uma realidade para 39% da população ao menos uma vez nos três meses anteriores ao levantamento. Além disso, 56% acessaram ou pediram que alguém acessasse o Gov.br para obter serviços públicos.
Para especialistas, os resultados evidenciam que a ampliação da conectividade no país cria novas oportunidades de uso das tecnologias, mas também intensifica desigualdades digitais já existentes. Por isso, defendem políticas que combinem acesso de qualidade, educação digital e regulamentação adequada de serviços online, como jogos e apostas, diante do número crescente de usuários envolvidos nessas práticas.
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