CPMI do INSS avalia ouvir Weverton Rocha
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga descontos irregulares em benefícios do INSS deve ouvir o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, após a nova fase da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18). A avaliação é do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, que considera necessário o depoimento do parlamentar diante dos fatos recentes apurados pelas investigações.
Segundo o relator, já existe um requerimento para convocar Weverton Rocha, mas o pedido ainda precisa ser incluído na pauta e aprovado pelo colegiado. Alfredo Gaspar destacou que a oitiva segue o rito normal de funcionamento de uma comissão parlamentar de inquérito.
A operação também teve como alvo Adroaldo da Cunha Portal, ex-assessor de Weverton e, até a ação policial, secretário-executivo do Ministério da Previdência. Após a deflagração da operação, o ministro Wolney Queiroz determinou a exoneração de Adroaldo, que foi submetido à prisão preventiva em regime domiciliar. Para o relator da CPMI, ele também deve prestar depoimento, embora haja resistência de parlamentares da base governista para aprovar a convocação.
Weverton Rocha, que lidera o PDT no Senado e atua como vice-líder do governo Lula, passou a ser citado nas investigações após pessoas ligadas ao seu entorno aparecerem nos desdobramentos do suposto esquema de fraudes no INSS. A residência do senador em Brasília foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas não houve diligências em seu gabinete parlamentar.
Durante os trabalhos da CPMI, o empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS e apontado como um dos operadores do esquema, afirmou ter participado de um encontro na casa do senador. Segundo ele, a reunião teria tratado da regulação do mercado de derivados de cannabis, atividade que classificou como representação empresarial, sem relação com aposentadorias ou benefícios previdenciários.
Após a operação, Weverton Rocha divulgou nota informando que recebeu com surpresa a busca em sua residência e afirmou estar à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos assim que tiver acesso integral à decisão judicial.
O empresário também declarou que esteve no gabinete do senador em outras ocasiões, mas sem contato direto com Weverton. De acordo com o relato, as conversas ocorreram com Adroaldo Portal e estariam relacionadas ao setor de cannabis.
Diante das suspeitas, a CPMI solicitou ao Senado a relação de gabinetes visitados por Antonio Carlos Antunes. O documento, no entanto, não foi divulgado após parecer da Advocacia do Senado, que classificou as informações como sigilosas. As investigações ainda apontaram a participação de Gustavo Gaspar, ex-assessor de Weverton, que teria assinado uma procuração para movimentação de contas bancárias entregue a Rubens Oliveira, também apontado como operador do esquema.
A operação desta quinta-feira resultou ainda na prisão de Romeu Carvalho Antunes, filho de Antonio Carlos Antunes. O empresário está preso desde setembro e sua defesa afirma que ele não participou das irregularidades. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça e cumpriu 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão, com apoio da Controladoria-Geral da União.
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