Novas regras da China para carne bovina afetam Brasil
A China anunciou a implementação de medidas de salvaguarda sobre as importações de carne bovina, estabelecendo cotas específicas por país e a aplicação de uma tarifa adicional de 55% sobre os volumes que ultrapassarem os limites definidos. A decisão foi divulgada pelo Ministério do Comércio chinês e passa a valer a partir de 1º de janeiro, com vigência prevista até 31 de dezembro de 2028.
A medida afeta os principais fornecedores da proteína ao mercado chinês, entre eles Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. Para 2026, a cota global de importação foi fixada em aproximadamente 2,7 milhões de toneladas, nível próximo ao recorde observado em 2024, quando as compras externas alcançaram 2,87 milhões de toneladas.
O Brasil, maior exportador de carne bovina para a China, ficará com a maior parcela da cota isenta de tarifa adicional. Em 2026, o limite será de 1,106 milhão de toneladas, com aumento para 1,128 milhão em 2027 e 1,154 milhão em 2028. O país responde por cerca de 45% das importações chinesas da proteína. No ano de 2024, os embarques brasileiros somaram 1,3 milhão de toneladas e, até novembro deste ano, já haviam atingido 1,499 milhão de toneladas, gerando receita de US$ 8,028 bilhões.
Outros grandes exportadores também tiveram limites definidos. A Argentina poderá enviar até 511 mil toneladas em 2026, o Uruguai até 324 mil toneladas, a Nova Zelândia até 206 mil toneladas, a Austrália até 205 mil toneladas e os Estados Unidos até 164 mil toneladas. As exportações que excederem essas quantidades estarão sujeitas à tarifa adicional de 55%, aplicada além das alíquotas já em vigor. O governo chinês esclareceu ainda que eventuais volumes não utilizados dentro da cota anual não poderão ser transferidos para os anos seguintes.
Ao anunciar a decisão, o Ministério do Comércio da China afirmou que o crescimento das importações de carne bovina provocou prejuízos significativos à indústria doméstica, com impactos negativos sobre os preços pagos aos pecuaristas e sobre o mercado interno. A investigação que embasou a adoção das salvaguardas teve início em dezembro de 2024, após reivindicações de produtores locais, e analisou a relação entre o avanço das importações e os danos ao setor nacional.
Durante o período de vigência das medidas, a China também irá suspender parcialmente dispositivos do acordo de livre comércio firmado com a Austrália que se aplicam à carne bovina. O governo chinês ressaltou, no entanto, que as tarifas poderão ser ajustadas ao longo do tempo e que as medidas de salvaguarda poderão ser revistas, dependendo da evolução do mercado interno.
💬 Comentários (0)